PAVILHÃO STARDUST | SILVESTRE PESTANA
O Pavilhão Stardust, criado pelo Flare Studio que foi buscar inspiração às construções “folly” muito em voga entre os séculos XVII e XIX, levadas a cabo sem preocupações funcionais, mas antes pela extravagância ou valor artístico que assumem.
Regressado recentemente de Miami, onde esteve exposto no Design District, durante o Art Basel Miami Beach 23 foi instalado no Dunas, num local cimeiro rodeado de pinhal próximo da futura receção do empreendimento. Construído em vidro, espelhos e perfis de aço cromado, o Stardust cria uma perceção mágica feita de reflexos e planos que se confundem e multiplicam numa experiência arrebatadora.
No seu interior foram colocadas três peças de Silvestre Pestana da série Neurónios (2017), cada uma delas composta por 5 tubos de néon modelado (argon), uma folha de alumínio perfurado, variador de tensão automático com impulsos de 5 segundos que através da tecnologia simula um pulsar vital desdobrado ad infinitum pelo fundo espelhado do pavilhão o que eleva o conceito do Stardust a um nível totalmente irreal.
Natural do Funchal, Silvestre Pestana (1949-) é licenciado em Artes Gráficas e Design pela ESBAP, 1980, mestre em Ensino de Arte e Design pela De Montford University, 1998. Foi professor na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Coimbra.
Silvestre Pestana é uma das figuras mais radicais da arte contemporânea portuguesa A sua obra impõe-se pela radicalidade das intervenções que, desde o primeiro momento, se apoiam num intencional hibridismo resultante do jogo e permutação entre signos linguísticos e signos não linguísticos.
A contaminação que, nos anos 1960 e 70, deriva da utilização de material gráfico diverso, passará a encontrar, nos anos 80, um apoio na utilização do vídeo e dos meios informáticos.
A este nível, pode dizer-se que a sua poesia para computador abriu novos rumos à poesia experimental.
Misturando frequentemente, e de um modo intencional, questões relacionadas com a materialidade e a mediação, na sua obra os procedimentos baseados em sistemas digitais aparecem misturados com a representação de carácter analógica.
Os seus trabalhos recentes, no âmbito da performance, em espaços reais, escritas luminosas em painéis leds ou os seus poemas virtuais no Second Life, são fundamentais para aferir o modo como as práticas experimentalistas interferem com as práticas sociais em que se articulam.